5/07/2008

Somos só garotos


Trilha sonora: Leoni – Garotos II


    Sexta-feira, por volta das 6, 7 horas eu me encontrava sentado na cama estudando. Tinha decidido não ligar para ninguém, não iria me esforçar para sair, precisava estudar para a prova de segunda. Ia lendo a matéria e o tempo parecia não passar, quando ja tinha perdido toda a esperança de que o celular fosse tocar ele se manifesta.
    O display pisca insistentemente informando que o número que chamava era confidencial. Já não bastava meu fim de semana estar começando muito mal eu ainda tinha que aturar esse tipo de infantilidade. Atendi ao telefone pronto pra ser frio e até mal educado quando ouço algo que me desarma.
    – Oiii! – Dizia aquela voz feminina, com aquele tom manhoso que toda mulher usa quando quer algo.
    Apesar de inicialmente ter me sentido mais animado algo tinha de me incomodar, aquela merda de aparelho sempre me deixava em duvida quanto ao ser que havia tentado manter contato. Porque toda mulher tem a voz parecida no celular? Mas fazer o que, não podia perguntar quem era, afinal seria indelicado da minha parte. Parti para o plano de emergência, usar um papo furado até conseguir uma pista da identidade da minha interlocutora.
    – Oi, meu anjo! Como vai? – Estava na espectativa de que a resposta me trouxesse a informação pela qual eu já ansiava.
    – Tô triste você não me ligou a semana toda. E ainda diz que gosta de mim.
    Aff, que resposta inútil. Nenhuma informação capaz de me elucidar quanto a dona daquela voz doce que agora me intrigava. Pelo menos agora eu sabia que não era ninguém da universidade e nem do trabalho. Talvez esse papo furado não fosse levar a lugar nenhum, melhor mesmo seria arrancar alguma informação.
    – Claro que gosto de você! Simplesmente ando meio atolado esses dias. Mas você só me ligou para me recriminar pela minha indiferença ou tem alguma boa noticia?
    – Por enquanto sem boas noticias, liguei para saber o que você ia fazer hoje, to me sentindo tão sozinha.
    Só comigo que isso acontece, tudo passando de monótono a perfeito em alguns segundos e eu não me lembro desse nome de jeito nenhum. Não podia enrolar ia ter que arriscar, também pior que isto não tinha como ficar.
    – Até agora eu não ia fazer nada. Mas já que você quer sair, só dizer o destino.
    Aquele silencio do outro lado deixava bem claro que ela estava escolhendo o lugar perfeito, afinal o destino iria me revelar o que ela realmente queria comigo e também quem era a autora da ligação.
    – Se você quiser podíamos ir para aquela choperia na qual nos conhecemos, lembra aquela que você e o Diego ficaram discutindo sobre quem ia pagar a conta, dois playboys tirando onda.
    A cada segundo, a cada palavra eu me enchia de uma felicidade sem limites, havia descoberto quem era e não ansiaria de forma nenhuma que fosse outra pessoa me ligando. Thaís, aquele nome dançava na minha mente, havíamos nos conhecido por intermédio de alguns amigos, ela era uma menina meiga e encantadora. Tínhamos passado a noite toda conversando, ela uma criança mimada mas também uma mulher muito inteligente, fiquei impressionado como uma pessoa podia ter tantas qualidades e tão poucos defeitos.
    Mas como eu não reconheci aquela voz que me entrenteu por tantas horas? Sabia muito bem a resposta, além de inteligente ela sabia muito bem apreciar um bom drink, sai aquele dia bem alto, mas de algum modo com a cabeça no lugar.
    – Por mim está tudo resolvido, que hora eu posso passar pra te buscar?
    – Dez e meia está ok? Ou está muito tarde?
    – Não está perfeito, então nos vemos daqui a pouco?
    – Claro, beijo.
    –Beijo, tchau!
    Desliguei o telefone, tinha que me arrumar a noite seria perfeita.

Autor da foto: http://www.flickr.com/photos/ario